Ui… Só nesta pergunta podíamos escrever outro livro, mas vamos dar algumas informações sucintas para ajudar da melhor forma.

Antes de lhe falar sobre fraldas e sobre material de incontinência, gostava de partilhar uma pequena história.

Em 2013, quando mudei uma fralda a um adulto pela primeira vez, o meu sogro, a sensação foi pavorosa.

Não sabia onde pegar, onde agarrar, como colocar a fralda (confesso que rebentei as tiras que colam a fralda várias vezes), depois ele urinava e saía pela fralda… foi um filme de terror!

À medida que fui aprendendo e falando com pessoas para me ensinarem, fui também sendo mais exigente com o material utilizado, porque a verdade é que quem recebe esses cuidados tem de se sentir confortável.

Imaginem-se numa cama, a usar fralda, com uma ou duas pessoas a mudarem-vos, muitas vezes desconhecidas, e ainda por cima ficam horas com urina ou fezes encostadas ao corpo… eu imagino poucas coisas mais desumanas do que isto, e agora juntem a tudo isto fraldas que são de péssima qualidade, que são desconfortáveis, que permitem fugas, ou até que ficam apertadas. Isto piora se a pessoa que utiliza a fralda não estiver já muito consciente, porque pode nem conseguir exprimir-se para manifestar esse mesmo desconforto. E ser cuidador também é isso, é antecipar-nos à pessoa de quem cuidamos, é tentar perceber de que forma podemos prestar o apoio da melhor forma antes de acontecer isto ou aquilo. Daí o enorme desgaste desta profissão, que continua a ser muito desvalorizada de forma geral pela sociedade.

Foi então nesta altura que comecei a perceber alguns aspectos fundamentais quando escolhemos uma fralda. O primeiro que nos vem à cabeça, por força da falta de poder de compra, é o preço, mas, quando pensamos em preço numa fralda, temos de pensar no seu todo. Se a fralda for má e a urina sair, chega aos lençois, molha os resguardos, dá um trabalho enorme para mudar a cama todas as vezes… além do desconforto de quem usa. Assim, não podemos comparar apenas o preço da fralda, temos de pensar em tudo o que está à volta.

Outra questão importante é o tamanho.

Aqui não podemos pensar como nas roupas e querer usar o tamanho abaixo ou o tamanho mais justo. Existem fraldas no mercado para os tamanhos todos.

Então, é medir a cintura e perceber qual o tamanho da pessoa. E por que razão é isto tão importante? Uma fralda demasiado pequena, para além de muito desconfortável para quem a usa, pode causar feridas a longo prazo na zona inguinal (virilhas); pelo contrário, se a fralda for demasiado grande, vai tudo fora…

Uma das grandes diferenças entre utilizar uma fralda barata de supermercado e uma fralda de lojas da especialidade é o facto de, por exemplo, poder pedir amostras, experimentar e perceber a diferença antes de adquirir pacotes de fraldas que não sabe se vão servir.

Um aspeto importante para quem utiliza fraldas é o poder de absorção, e quando falamos nisso não podemos pensar que, se a fralda absorve muita urina, vamos ficar 12 horas sem a mudar. O que se quer dizer com poder de absorção é até que ponto a fralda retém urina e permanece seca, continuando a ser confortável para quem a usa, não causando odor ao utilizador e evitando fugas. Importa perceber que, no caso de a pessoa defecar, a fralda deve ser retirada de imediato, esteja com urina ou não e independentemente de ser uma fralda de boa ou má qualidade.

Em relação à absorção, fugas e odor, há alguns aspetos importantes:

• Absorção: Procure fraldas com maior poder de absorção;
• Barreiras anti fuga: Algumas fraldas, as melhores, têm barreiras na zona da virilha que são fundamentais para que a urina não passe para fora da fralda.
• Odor: existem algumas fraldas no mercado com o sistema STOP ODOR, ou nomes semelhantes, que são sistemas para reduzir ou eliminar o odor causado pela urina.

Já está a pensar que, se procurar uma fralda com essas coisas todas, vai sair muito cara! 

Não, não vai!

É certo que a fralda será, provavelmente, mais cara do que a do supermercado, mas se pensar que vai reduzir o número de resguardos que compra, o número de vezes que desfaz a cama e volta a fazer e, consequentemente, lava a roupa toda da cama, ainda vai ganhar dinheiro. Além disso, irá promover o conforto do utilizador.

Por exemplo, tal como nos bebés, existem pessoas alérgicas ao látex, então é importante ver se a fralda não tem látex, caso a pessoa seja alérgica, e existem depois aspetos mais básicos comuns às fraldas, como os indicadores de humidade, que são tiras que mudam de cor quando a fralda precisa de ser mudada, isto é, a sua capacidade de retenção já diminuiu.

Outra coisa que me incomodava muito quando usava fraldas de supermercado baratas… a qualidade das tiras. Eu rebentei tantas quando as colocava no meu sogro! Bastava fazer um pouco de força, lá rebentava as tiras.

Se já ouviu alguém dizer que colocava duas fraldas, fazendo um furo na primeira para passar para a segunda, tenho a certeza de uma coisa: era uma péssima fralda!

Se tiver uma boa fralda, apenas uma tem de ser suficiente para uma noite inteira, a menos que tenha fezes, claro.

Agora que já lhe dei algumas indicações sobre aspetos muito importantes nas fraldas, falta-me falar num ponto fundamental… a ativação da fralda!

O que é isso?

Antes de colocar qualquer fralda, seja ela qual for, deve esticá-la, e quando fizer isso deverá ficar com o formato anatómico, ou seja, com o formato do corpo, uma curva, para que o encaixe seja perfeito. Se não ficar, mais uma vez, estamos perante uma má fralda.

Agora está a pensar “ele é mesmo chato com as fraldas!” Pois, talvez seja, mas, ao saber de histórias de unidades de saúde que utilizam péssimas fraldas, de saber que usam duas fraldas nos utentes, de acompanhar centenas de pessoas que usam fralda no dia a dia e de saber o quão desconfortáveis estas pessoas ficam, e0sta é uma luta que me sinto na obrigação de ter!

Desde 2016 que a Doce Lar tem vindo a promover cuidados de saúde e de apoio domiciliário nos Açores, e começámos em 2021 a comercializar material de incontinência, como as fraldas, e nesse espaço reunimos com vários representantes de marcas. Uma das coisas que me incomodavam era a textura do material, algumas fraldas pareciam plástico, eram muito desconfortáveis; além de fazerem transpirar mais do que as outras, era estranho sentir aquela textura na nossa pele, ainda mais após tantas horas de utilização.

E se é uma pessoa que usa ou já usou pensos diários, seja homem ou mulher, ou mesmo cueca fralda… sabia que existem fraldas no mercado que a própria pessoa pode colocar em si? São as fraldas de cinto, que, em vez de terem as habituais tiras laterais, têm um cinto que dá a volta à cintura e depois a fralda sobe por baixo e cola na frente da fralda.

Como lhe disse, poderia escrever um livro só sobre fraldas e partilhar muitas histórias consigo, mas o objetivo aqui não é esse. É, acima de tudo, poder mostrar dicas e dar sugestões ao prestar cuidados a outros.

Quanto a si, escolha a marca ou os produtos de que mais gostar, mas siga os pontos abaixo:

• Ver o tamanho correto da fralda – perímetro da cintura;
• Ativar a fralda antes de a colocar;
• Super absorção da fralda;
• Stop Odor;
• Barreiras antifugas;
• Sem latex;
• Testada dermatologicamente;
• Delicada ao toque – para não ser de plástico;
• Sensação de secura;

Se seguir estes princípios, quem utilizar a fralda, penso ou cueca-fralda estará sempre mais confortável, o que se irá traduzir numa maior qualidade de vida.

Veja abaixo uma pequena de lista de aspetos de que não falamos e de que falaremos ainda nos cuidados:

• Cuidados com a pele;
• Cuidado com pés/unhas;
• Higiene oral;
• Limpeza dos ouvidos;
• Desfazer a barba;